De dia não se pode contar estórias em Cabo Verde, porque se pode matar a mãe, a pessoa mais
querida. Diz o povo :É “karni sen osu”.
Para poder contar
estórias de dia, à mesma, aqui vai a receita : Arranca-se uma pestana, beija-se e
diz: Nhordes Nhu purda-m.
A partir daí, depois
dita a frase, já se pode contar a estória.
Em Cabo Verde o
contador é irreverente, pode criar dúvidas, cria riso, mas focaliza a
seriedade.
No início , antes de
contar a estória, deitam-se adivinhas, para criar o ambiente, provocar o riso,
ajudar na concentração e desafiar a assistência a participar também. Mas o
contador é que arranca com o diálogo.
Exemplos de adivinhas
:
Si N pega’l
N ka ta larga’l, si N larga’l N ka ta pega’l.
(idep)
Rotcha romba, pulisia djunta
(ôkôk na aksom)
Dos armun ta
kore djuntu, ninhun ka ta pasa kelotu.
(aredak amam)
Tres armun,
si un ka sta, dos ka ta sirbi.
( nogof ardep)
Kurupé di
dos pé mata kurupé di kuatu pé, pamó kurupé di un pé.
( ibok id ép mu idomap
urub atam imo mu)
E vai observar aquelas
pessoas mais idosas, que olham uma para outra, como quem diz . Lá vai outra vez
aquele ordinário. E quando ouvem a solução é a gargalhada geral.
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